- Não consigo, é muito grande pai.
Ele sorriu e disse:
- Claro que consegue rapaz! Sobe aí que eu te seguro.
Meio a contragosto eu subi na bicicleta. Os pés mal tocavam os pedais e ficavam imensamente longe do chão.
- Agora pedala que eu seguro.
- Não larga pai, não larga.
Eu pedalei o mais forte que pude, subindo a rua quase que a jato. Ainda lembro exatamente da sensação do vento batendo no rosto, do sentimento de liberdade me acometendo pela primeira vez.
- Não larga pai, não larga.
Ao olhar para trás constatei, apavorado, que o velho tinha ficado a metros de distância.
- Pedala cara, pedala que agora é contigo.
Segui por mais alguns metros mas o medo de não saber como parar foi mais forte. Acabei deixando a bicicleta parar e caindo quase sem dano.
Nos últimos tempos essa história me vem à cabeça com frequência. Meu pequeno está com três anos, quase quatro, e ouço dele bastante as mesmas palavras:
- Não consigo pai, sou pequeno.
Eu seguro a mão dele e repito as palavras que ouvia do meu pai:
- Claro que consegue rapaz! Sobe aí que eu te seguro.
E ele segue, meio a contragosto, mas segue corajoso.
Percebi, que ao longo da vida esquecemos a diferença que essa “mão segura” faz. É muito mais fácil arriscar, superar os limites, fazer coisas novas com uma pessoa provendo suporte e segurança ao lado. Grandes líderes fazem isso de maneira natural, com a mesma generosidade que os pais tem com seus filhos. Abençoados são aqueles que tiveram um pai ou alguém assim, felizes são os que ainda tem.
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