Novos empreendedores para uma nova economia

Quando tornamos as operações mais ecoeficientes, economizamos recursos financeiros e entramos em sintonia com o consumidor consciente

As oscilações na economia mundial, que nos impactam diariamente, criam a necessidade de aprimorarmos nossa consciência crítica para analisar os contextos econômicos e sociais de forma meticulosa. As tomadas de decisões, desde as mais corriqueiras até as estratégicas e essenciais para a sobrevivência dos negócios, precisam ser racionalizadas com cautela e em conjunto com os atores envolvidos.

Estávamos acostumados a avaliar os cenários de modo compartimentado (país a país), o que se assemelha a uma corrida de cavalos em que se observa claramente quem está na frente e os que têm maiores chances de vitória – os últimos colocados jamais são lembrados. Essa mesma dinâmica vem se reproduzindo no desenvolvimento dos negócios, incluindo as pequenas empresas.

Mas o grande desafio é reconhecer que somos parte de uma comunidade mundial globalizada em que as realidades, mesmo as mais distantes, afetam a todos rapidamente. Reconhecer esta interdependência como premissa básica para empreender é fator chave para se alcançar o desenvolvimento.

Apesar das resistências, os governos começam a defender interesses e necessidades comuns por meio de blocos econômicos como a União Europeia. Do lado privado, as empresas também devem começar a se reposicionar. A Conferência do Ethos, realizada em São Paulo entre os dias 8 e 9 de agosto, demonstrou isso. Com o tema: “Protagonistas de uma Nova Economia – Rumo à Rio +20”, o evento buscou soluções para o enfrentamento das desigualdades sociais e problemas ambientais.

Acredito que ainda haja muitas pessoas que pensem que uma coisa não tem a ver com a outra. Mas, se existe 1 bilhão de pessoas em situação de fome no mundo, se emitimos 50 gigatons de dióxido de carbono e se as metas de implantação de saneamento básico propostas pela ONU até 2015 não serão atingidas, há alguma coisa errada. Esses fatos não podem ser considerados fora de contexto. Também não pode ser apenas um problema da administração pública, principalmente se avaliarmos que cerca de 500 empresas transnacionais representam 47% do PIB mundial. As três maiores dessas empresas se equiparam ao PIB brasileiro. No Brasil, a Petrobras representa 12% do PIB brasileiro e pode chegar a 40% com o advento pré-sal.

O que isso tem a ver com o empreendedor? O compromisso com o meio ambiente não tem relação direta com o aumento de custos: quando tornamos as operações mais ecoeficientes, economizamos recursos financeiros e entramos em sintonia com o consumidor consciente, garantindo a preferência dele. Exemplo disso são as franquiasque estão no programa para diminuir a emissão de carbono. Todas elas terão redução de custos na operação.

O grande desafio está na inclusão social e no enfrentamento das questões tributárias. Mais de 50% do varejo nacional atua na informalidade, e isso é inaceitável. O descumprimento das leis traz tensão para a sociedade, promove a injustiça, agride o meio ambiente e retorna como entrave para a implementação de novas propostas, como a flexibilização das leis do trabalho para contratação de estudantes ou aposentados para jornadas alternativas, algo que a lei não prevê atualmente, mas que pode beneficiar a sociedade e as empresas.
Mas esse reposicionamento implica uma mudança de mentalidade. Vamos precisar formar uma nova modalidade de empresários: o empreendedor de valores. Só assim teremos pessoas preparadas para os desafios que estão pela frente. 


Fonte :http://revistapegn.globo.com/

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