Geração C: os futuros profissionais

Como as empresas estão se adequando para receberem a turma que não vive sem as mídias sociais

"Se um dos 'Cs' é de 'conectado', isso vai além de estar sempre 
na internet. Conexão, nesse caso, envolve a união de várias mídias 
que se completam. Estamos lidando com uma geração de comunicadores 
e está na hora de as organizações repensarem como suas estratégias 
serão lançadas, inclusive para atender essa nova geração em serviços,
diferenciais e desenvolvimento do capital intelectual, 
e gestão do conhecimento nas empresas"
JACQUELINE REZENDE, COORDENADORA DE 
DESENVOLVIMENTO DA FACULDADE IBS/FGV


Depois de nos familiarizarmos com as gerações X, Y e Z, mais uma letra apareceu com a função de definir um novo grupo. Dessa vez, ela não está ligada a uma fase ou ao período de nascimento de uma geração, mas sim às atitudes em comum, no caso, o uso constante das redes sociais.
A geração C foi criada por Dan Pankraz, diretor de planejamento e estratégia para o público jovem da DDB (rede de agências de marketing e propaganda). O significado da letra C vem do Connected Collective, ou seja, pessoas que não só nasceram na era virtual, mas um grupo que é usuário ativo de mídias sociais. Para se ter ideia da importância dessa nova geração, estima-se que em 2020 esses jovens, que não conheceram a era pré-internet, dominem o mercado de trabalho. Mas será que as empresas estão preparadas para a invasão dessa geração?
As gerações vão mudando ao longo das décadas e a cada nova letra ou significado atribuído um novo perfil é estudado. Uma geração é continuidade da outra e o processo de evolução caminha em conjunto. Por exemplo, se a geração X começou a conhecer a tecnologia, a geração seguinte, Y, teve um contato maior com os meios eletrônicos e assim por diante. Esses fatores interferem na forma de as empresas lidarem com seus funcionários e na forma de eles lidarem com o trabalho.
Os profissionais da geração X vieram após a era baby boomer, que foram os primeiros a crescerem na frente da TV e a desfrutarem a juventude. Nascidos a partir da década de 60 até o final de 70, o grupo da geração X contestava os acontecimentos, era conhecido por uma maior liberdade de pensamento e pelo estereótipo de jovens trabalhadores. A visão independente e empreendedora do grupo formou trabalhadores interessados em seus direitos e inconformados com injustiças.
A geração seguinte também provocou mudanças no formato de trabalho e na relação entre trabalhador-empresa. Os integrantes do grupo Y pertencem ao período que vai dos anos 80 até meados dos anos 90. Por estar mais familiarizada com a tecnologia, a geração Y se tornou mais individualista, ligada às urgências e aos planos de curto prazo. O trabalhador passou a fazer várias coisas ao mesmo tempo (multitarefa) e a buscar o imediatismo. Foi sucedida pela geração Z.
Os nascidos após meados dos anos 90 fazem parte da geração Z, que antecede a geração C. Ambas têm em comum a facilidade para lidar com aparelhos eletrônicos e com a diferença na intensidade. Apesar de a geração Z fazer uso da tecnologia, a socialização virtual não é tão intensa quanto na geração C.
As pessoas da geração Z gostam de zapear os vários canais de televisão e os sites da internet e se familiarizam rapidamente com os diferentes meios de acessibilidade tecnológica.
"Acredito que o surgimento das redes sociais tenha aproximado os 
profissionais on-line dos off-line, porque elas seduziram todos os tipos 
de pessoas, uniram gerações, fizeram acontecer um fenômeno comportamental 
em que agora, até as nossas avós que nunca entenderiam, possuem seus 
perfis no Facebook, escutam música no YouTube e se 
atualizam das notícias via Twitter [...]"
SABRINA BRITO, CEO DA SIMPLES AGÊNCIA


TODOS CONECTADOS
Para a coordenadora de desenvolvimento da Faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Jacqueline Rezende, a geração C é muito mais que um grupo interligado virtualmente. "Se um dos 'Cs' é de 'conectado', isso vai além de estar sempre na internet. Conexão, nesse caso, envolve a união de várias mídias que se completam. Estamos lidando com uma geração de comunicadores e está na hora de as organizações repensarem como suas estratégias serão lançadas, inclusive para atender essa nova geração em serviços, diferenciais e desenvolvimento do capital intelectual, e gestão do conhecimento nas empresas", enfatiza a coordenadora.

Essa geração de comunicadores divide no mesmo espaço o profissional e o pessoal. Um exemplo é o DJ Nelsinho, que, enquanto está falando no Facebook com os amigos, aproveita para mostrar aos seus contatos suas músicas e expor sua opinião profissional. "É trabalho e lazer, tudo junto". Heavy user das mídias sociais, o DJ pode ser encontrado 24h conectado por meio das mais diversas mídias sociais presentes em seu computador, tablet ou smartphone. A turma de consumidores de tecnologia não desconecta nunca e busca sempre que possível aliar o pessoal ao profissional.

O PROFISSIONAL NAS MÍDIAS SOCIAIS
Mas o que as empresas pensam desses profissionais que não se desconectam nunca? A CEO da Simples Agência, Sabrina Brito, diz que as organizações olham com bons olhos para esse tipo de profissional, pois com a maior interatividade, ele consegue atrair novos públicos. "Acredito que o surgimento das redes sociais tenha aproximado os profissionais on-line dos off-line, porque elas seduziram todos os tipos de pessoas, uniram gerações, fizeram acontecer um fenômeno comportamental em que agora, até as nossas avós que nunca entenderiam, possuem seus perfis no Facebook, escutam música no YouTube e se atualizam das notícias via Twitter. Eu acredito na unificação do entendimento em relação às novas mídias e que as formas de comunicação por meio delas estão em constante evolução, ou seja, mais ou menos como se a tendência fosse todos pertencerem à geração C no futuro", avalia.

Sabrina complementa que o perfil dos profissionais focados no mundo digital é muito plurificado, ou seja, o que os une é realmente a afinidade pela internet, conseguir falar a mesma língua sem atuar na mesma área. "Quem realmente é digital entende desde as técnicas empregadas para estreitar relacionamentos a qual tipo de tecnologia pode servir de apoio para concretizar um projeto ou uma ação promocional" acredita.



O QUE MUDA NAS EMPRESAS
Se os profissionais mudam, as corporações consequentemente acompanham a evolução das gerações. O presidente da Arbache, Consultoria, Fernando Arbache salienta a importância das modificações estruturais necessárias para o progresso entre empresa e profissional. "As instituições muito tradicionais precisam se adequar e agir de forma mais interativa. Hoje as pessoas estão mais focadas em desafios".

O diretor presidente da Web Consult e vice-presidente de Inteligência Digital da Sucesu-MG, Leonardo Bortoletto, fala sobre a importância de as corporações se atentarem para as mudanças visadas por esse grupo: "O profissional pertencente à geração C busca por corporações onde as estruturas hierárquicas tradicionais já não fazem parte da realidade da gestão da organização e onde a virtualização já seja uma realidade. Mas a verdade é que os profissionais do futuro já estão reestruturando o presente das empresas", pontua.

(Adaptado)

Postar um comentário

0 Comentários