A inutilidade da vida de um monge

O mais vendido “O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência da liderança” (James C. Hunter, editora Sextante, 2004)
não faria tanto sucesso de banca numa hipotética viagem no tempo para século 18. Voltaire, o célebre iluminista francês, artífice do racionalismo é da lógica, dizia que os monges poderiam pelo menos ter filhos. Isso os tornaria úteis para alguma coisa.
“Os monges são parricidas que aniquilam uma posteridade inteira. Noventa mil enclausurados, que berram ou fanhoseiam latim, poderiam dar, cada um, dois súditos ao Estado: o que soma 180 mil homens que eles fazem perecer ainda em germe. Ao cabo de 100 anos, a perda é imensa, coisa que se demonstra por si mesma” – trecho do livro “O Homem dos Quarenta Escudos” (1768).
Por séculos, monges foram colocados em cheque. Henrique VIII , famoso por decepar cabeças das suas esposas, confiscou as abadias e tomou posse dos bens materiais dos monges. Basicamente a propriedade. A revolução francesa, ao separar o Estado da Igreja, tornou a vida doa abades, designação mais francesa para monge, um verdadeiros inferno. Afinal de contas, eles tinham muito poder e principalmente propriedades.
A inutilidade da vida de um monge foi, em suma, questionada por séculos.
Mas eis que os monges passam agora, mais de 200 anos depois, a ensinar que a inutilidade da reflexão, da paz, da introspecção e do pensamento espiritual, destituído de qualquer lógica, devem ser considerados pelos executivos (entre eles, importantes CEOs e gerentes de alto nível) como fonte de inspiração, equilíbrio interior e produtividade.
De inúteis para inspiradores, monges passam a ser fontes do saber, revelam paradigmas comportamentais e se tornam modelos essenciais de gestão para liderar, produzir mais e competir melhor.
Curioso como os modelos têm suas validades revistas.
A sensibilidade para antecipar mudanças de mercado e até criar novas demandas são características essenciais de um novo profissional. Nossas emoções, em forma de intuição e percepção aguçadas, não podem faltar em um processo de gestão de equipes de alto desempenho.
A emoção não substitui o racional, mas ajuda a responder com eficácia às várias circunstâncias que promovem nosso sucesso. A emoção e o sentimento introduzem um alerta mental para as boas e más circunstâncias e, como sabemos, nossa carreira é feita disso.
Você procura seguir qual modelo de gestão: racional e lógico, de Voltaire? O intuitivo e emocional dos monges?

Fonte : epocanegocios.com.br

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