Falência e recuperação judicial sobem com juros altos e pouco crédito

Menos geração de caixa e dívida mais cara: a combinação perversa no balanço das empresas



De 2020 para 2022, a taxa básica de juros, a Selic, subiu no telhado: passou de 2% para 13,75%. Assim, o dinheiro ficou mais caro e escasso para as empresas. A torneira de recursos do mercado de capitais que tinha fluxo intenso até meados de 2021 foi se fechando até nenhum IPO, por exemplo, sair do papel em 2022 e o número de ofertas subsequentes cair fortemente.

O número de pedidos de falências entre empresas que atuam no Brasil aumentou 44% e o de recuperação judicial cresceu 37,6% no primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2022, segundo dados da Serasa Experian. Segundo o economista responsável pelo levantamento, as altas taxas de juros pesam no pagamento das dívidas entre as companhias, afetadas ainda pela desaceleração da economia. A menor oferta de crédito no mercado também dificulta a rolagem dos débitos.

Fazendo uma análise sobre a saúde das empresas, trago a média móvel de 12 meses do histórico de falências e recuperações judiciais desde 2016 (Fonte: Serasa Experian). Quando temos crises e no topo das taxas de juros, o efeito é duradouro, +1 ano aproximadamente para que a tendência de falências e RJs venha a cair.

Embora notícias na imprensa e relatos de layoffs mostrem um cenário bastante devastador, ainda estamos bastante abaixo das estatísticas de fechamento de empresas na crise de 2015-16. Vale lembrar que naquele período tivemos PIB acumulado de -7% a -8% em dois anos, com taxas de juros no topo.

Hoje, apesar de termos taxas de juros similares, expectativas mais otimistas ainda consideram um crescimento real do PIB no ano, coisa que era impensável em 2015-16, então devemos ver um cenário mais difícil, mas nada comparado ao que ocorreu naquela época em número de falências + RJs.



Desde 2016, quando houve um pico de pedidos de recuperação judicial no Brasil, o número de empresas em recuperação judicial caiu significativamente até o ano passado.

No entanto, com o aumento da taxa Selic e a deterioração nas condições de crédito, observou-se um aumento relevante no número de pedidos de recuperação judicial em 2023, chegando a cerca de 59% em relação aos dois primeiros meses de 2022.

Embora o dado seja preocupante, não parece que estamos retornando ao cenário de 2016. Entretanto, se as condições de crédito permanecerem apertadas, é possível que haja uma aceleração do número de pedidos de recuperação judicial ao longo do ano.


Fonte : exame.com / linkedin.com 

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