Starbucks e Subway: o que explica a recuperação judicial da operadora das marcas no Brasil

A gestora de private equity SouthRock Capital entrou com pedido de recuperação judicial. No Brasil, ela opera importantes marcas de alimentos como Starbucks, Eataly e Subway. Segundo informações do Pipeline, site de notícias do jornal Valor Econômico, a dívida do grupo é de R$ 1,8 bilhão, mas a rede Subway teria ficado de fora do pedido.




Chama atenção o fato de a companhia pedir recuperação um ano após incorporar a operação do Subway e de parte do Eataly no Brasil. Em nota, a SouthRock disse que "entra em uma nova fase de desafios, que exige a reestruturação de seus negócios". Em um post no LinkedIn, o conselheiro de empresas Roberto Valverde cita motivos que podem ter levado ao desfecho, como a estrutura de capital cara e decisões estratégicas equivocadas. Confira essa análise no post abaixo.

O QUE FEZ UM FUNDO DE PRIVATE EQUITY PEDIR RECUPERAÇÃO JUDICIAL? 🚨


A SouthRock, operadora dos restaurantes Subway, Starbucks, TGI Friday, Brazil Airports Restaurants e Eataly, pediu recuperação judicial na noite do halloween, dia 31.10 

A dívida estimada é de R$ 1.8 bilhões e ao contratar a consultoria Galeazzi & Associados mês passado, essa foi a primeira providência, de um combinado de negócios que vinha cambaleando a mais de 3 anos.

O playbook que sempre se repete com este desfecho segue o seguinte rito:

❌ Estrutura de capital cara

O grupo tinha uma emissão de debêntures com custo de de CDI + 6,75%. O setor de alimentação tem uma margem razoável, mas oscila muito com efeito de markup de preços para o consumidor final. Juros altos + inflação, deterioram o caixa rapidamente.

❌ Decisões estratégicas equivocadas

Com efeito da pandemia destruindo muitos negócios no setor, ao mesmo tempo que a Southrock traga isso como parte da justificativa para a RJ, decidiu neste mesmo momento partir para uma consolidação agressiva de mercado.

Adquiriu um combalido Eataly que nunca havia dado lucro, e sugava o caixa da rede St Marche, com sucessíveis aportes. O próprio fundo de PE Catterton já estava buscando um novo sócio

Em paralelo, em 2022, assumiu a operação da Subway Brasil com 1,6 mil lojas, nas 27 unidades da federação. A rede estava em um momento difícil, com 500 lojas fechadas e em franco processo de enxugamento.

👉🏻 E no mundo, a uma década vinha caindo a margem e volume, e com a empresa se preparando para ser vendida (que aconteceu em 2023 para o fundo Roark Capital).

⚠️ No mesmo ano, 38% dos bares e restaurantes operavam no prejuízo (fevereiro 2022).

❌ Falta de transparência com os parceiros comerciais

Existia um grande descontentamento entre um grupo franqueados da Subway. A Southrock teria usado um fundo de publicidade e royalties como garantia de aquisição dos direitos de operação no Brasil.

Este tipo de operação precisava de aval da maioria dos franqueados (eu já falei em post anterior sobre a “pegadinha das franquias”).

💣 Negócios que precisam de alocação de capital relevante, margem apertada, operações pulverizadas por todo o Brasil (que tem culturas e hábitos diferentes), e um setor inteiro revendo suas margens, me parece que a Southrock foi para o “All In” olhando apenas um Excel.

Não tem executivo bom que faça mágica 🪄

ENTENDA O CASO


Operadora de Starbucks e Subway no Brasil pede recuperação judicial.

Empresa citou problemas que se arrastam desde a pandemia e afirmou que RJ será necessária para reestruturar dívida de R$ 1,8 bilhão

A SouthRock Capital, operadora dos restaurantes das marcas Starbucks e Subway no Brasil, anunciou na noite desta terça-feira (31) que entrou com um pedido de recuperação judicial. A dívida está estimada em R$ 1,8 bilhão, conforme documento protocolado junto à 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo na noite desta terça.

A SouthRock, que havia contratado a consultoria Galeazzi & Associados em meados deste mês para organizar sua reestruturação, afirma que a medida visa “proteger financeiramente suas operações no Brasil atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica”.

“Os ajustes incluem a revisão do número de lojas operantes, do calendário de aberturas, de alinhamentos com fornecedores e stakeholders, bem como de sua força de trabalho tal como está organizada atualmente”, disse a SouthRock, em comunicado enviado ao IM Business.

A companhia cita que, ao longo dos últimos três anos, desde o início da pandemia, as varejistas têm lutado para manter suas operações. “Os desafios econômicos no Brasil resultantes da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juros elevadas agravaram os desafios para todos os varejistas, incluindo a SouthRock”, acrescenta.

A gestora acrescenta ainda que a RJ garantirá que a empresa se prepare para navegar no atual cenário econômico. Por fim, afirma que, enquanto a reestruturação é feita, todas as marcas continuarão operando. “A SouthRock segue comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para criar as condições necessárias para seguir desenvolvendo e expandindo todas as suas marcas no Brasil ao longo do tempo.”

Fundada em 2015, a SouthRock se especializou no desenvolvimento de restaurantes de aeroportos, por meio da Brazil Airport Restaurants, e grandes marcas consolidadas fora do Brasil. Em 2018, a gestora fechou um acordo de licenciamento com a Starbucks para ser operadora exclusiva dos restaurantes dentro do país.

Mais recentemente, em maio do ano passado, assumiu a gestão das franquias do Subway, que acabou ficando de fora da proteção contra credores, de acordo com lista enviada à Justiça. Além das famosas redes americanas, a gestora também atua com as marcas Eataly e TGI Fridays.

Fontes :

https://www.infomoney.com.br/

Comentários