O impacto do marketing de apostas nos jovens

Influenciadores ainda são pouco responsabilizados por propagandas enganosas e irresponsáveis, como a promoção das “bets”


Sim, estamos de braços cruzados enquanto vemos uma onda de jovens sendo influenciados ao vício em “joguinhos” de apostas online, dentro da própria casa, nas telas do celular, nos fones de ouvidos, sem que a família sequer desconfie.

Segundo o último levantamento realizado pelo departamento de psiquiatria da USP, quase 1% da população brasileira, ou duas milhões de pessoas, integram esse grupo de viciados em jogos online. Mas, observe, se você verificar as reclamações e depoimentos no site Reclame Aqui, encontrará um alto percentual de jogadores se sentindo enganados, mas que ainda continuam a jogar.

Então podemos perguntar: o que leva pessoas bem orientadas, que têm profissão, família e amigos, ao nível de tratar essas “bets”, ou casas de apostas, como uma segunda fonte de renda ou até mesmo investimento?

Como qualquer vício, trata-se de um fenômeno dopaminérgico que acontece no cérebro quando o indivíduo está jogando, reforçando a compulsão e reduzindo o medo de errar novamente. Até que perdem suas economias, seu emprego, bens, amigos e família, dando lugar a vergonha, autoculpa, sensação de perda constante, entre outros sintomas nem tão óbvios assim.

Segundo uma matéria de outubro da CBN, houve um rejuvenescimento no perfil do jogador: atualmente o público principal são homens jovens, de 20 a 35 anos. Eles entendem que isso acontece muito por conta da facilidade da aposta na palma da mão, mas eu também poderia atribuir esse rejuvenescimento a dois fatos:

1) O comportamento do consumidor atual, que dá mais valor à experiência e sensação da compra do que ao produto/serviço materializado em si, tudo com um único fim: mostrar/ostentar.

2) O poder do marketing de influência desenfreado, que ainda é pouco responsabilizado por propagandas enganosas e irresponsáveis, tampouco lidam com regras governamentais que evoluem conforme a profissão.

Há um tempo, quando conversei sobre esse assunto com a minha equipe, recebi o vídeo de uma influenciadora pernambucana falando sobre a responsabilidade que ela acredita ter com seus seguidores, e explanando que diversas vezes foi procurada para fazer publicidade de joguinhos online, em troca de uma boa quantia, que faziam as pessoas perderem dinheiro.

É uma grana alta, recebida de maneira fácil, por quem não se preocupa com o conteúdo que oferece. E não precisamos investigar tanto para assistirmos a “influenciadores” indicando plataformas, ou buscar muito para ler depoimentos no Reclame Aqui que citam essas pessoas, e chegam a pedir para que elas arquem pelo menos com o psicólogo após a aquisição do vício.

Atualmente precisamos ter uma série de critérios que devem ser levados a sério antes de nos permitirmos ser influenciados por qualquer criador de conteúdo. É uma questão, inclusive, de saúde mental.

Acredito que este texto pode servir de alerta para você, que ainda não se deu conta sobre o poder que a dopamina está exercendo no seu cérebro e acha que não passa de uma brincadeira cheia de adrenalina. Ou para você que observa a mudança de comportamento de um amigo ou familiar e apenas julga, briga ou faz gozação. Por menos óbvios que sejam os sintomas, esse vício é uma doença!

Fonte : https://administradores.com.br/

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