Venda e consumo de álcool crescem cerca de 30% no final do ano e colocam autoridades de trânsito em alerta
A cada 10 minutos, uma pessoa foi
multada por desobedecer a Lei Seca nas rodovias federais brasileiras em 2024.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre janeiro e setembro,
foram registradas 45.930 mil infrações entre recusa de fazer o teste do
bafômetro e constatação de embriaguez. É nesse contexto que órgãos de trânsito
e as policiais rodoviárias se preparam para mais um período de festas. “O consumo de álcool nessa época do
ano cresce muito por causa das festas e isso se traduz em mais imprudência,
acidentes e mortes”, comenta a presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do
Estado de Minas Gerais (ACTRANS-MG) e psicóloga especialista em Trânsito,
Adalgisa Lopes.
Segundo a especialista, além de afetar negativamente funções cerebrais essenciais, comprometendo a coordenação motora, o equilíbrio e a leitura espacial, o álcool deixa os reflexos mais lentos, diminui a concentração e capacidade de multitarefa, aumentando significativamente o risco de acidentes. “Além disso, o álcool causa alterações de humor, perda de inibição e discernimento, aumento da agressividade, dificuldades de raciocínio e prejuízos na memória e julgamento. Motoristas sob efeito de álcool são mais propensos a dirigir em alta velocidade e a desrespeitar as leis de trânsito”, comenta Adalgisa.
Leis
duras X sensação de impunidade
O Brasil enfrenta um paradoxo:
possui uma das legislações mais rígidas do mundo contra a combinação de álcool
e direção, mas ainda registra números alarmantes de acidentes, feridos e mortes
causados por motoristas embriagados. Fatores culturais, como o "jeitinho
brasileiro" e a banalização do consumo de álcool, especialmente entre jovens,
contribuem para a persistência desse problema.
PRF intensificou fiscalização contra
alcoolemia em 2024
A alta incidência do consumo de álcool, somada à percepção de impunidade e à leniência na aplicação da lei, reforçam a sensação de que dirigir alcoolizado não acarretará consequências graves, perpetuando o ciclo de tragédias no trânsito.
Dados alarmantes revelam a magnitude
do problema: somente nas rodovias federais, o consumo de álcool provocou 2.866
acidentes com 2.276 feridos e 142 mortos nos nove primeiros meses de 2024. “O consumo de álcool, enraizado na cultura
brasileira e associado a momentos de lazer e socialização, mascara os seus
efeitos sobre a capacidade de dirigir, como a redução da atenção, reflexos e o
aumento da impulsividade. Esse contexto exige uma abordagem multifatorial para
combater o problema”, comenta Adalgisa.
A solução, diz a especialista, passa por uma combinação de ações: aplicação rigorosa da lei, responsabilização efetiva dos culpados, aumento da fiscalização e campanhas educativas de longo prazo. “Precisamos desconstruir a cultura de permissividade em torno do álcool e direção, conscientizando a população sobre os riscos envolvidos”, diz a presidente da ACTRANS-MG.
Segundo ela, a educação, iniciada precocemente e com abordagem consistente, aliada a campanhas de conscientização impactantes, com a colaboração do governo, sociedade civil e iniciativa privada, são fundamentais para a construção de um trânsito mais seguro e responsável para todos.
Fonte : PRF
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