O que nos resta!

Nunca, como hoje, os transportes estiveram no centro de todas as atenções.
Políticos, economistas, financeiros e gestores dedicam grande parte das suas preocupações a esta temática. Preocupados e apreensivos, tentam hoje salvar o que ainda resta de um setor a que quase nunca ligaram. As insuficiências do modelo e a colossal dívida das empresas do setor, apontadas regularmente pela comunicação social, de nada serviram para chamar a atenção dos responsáveis que, conscientemente, continuaram a não ligar ao desastre evidente.
Se, durante muito tempo, os primeiros mostraram incapacidade de tomar decisões acertadas, os segundos e terceiros preocuparam-se apenas em tirar o maior partido da incompetência dos primeiros, aproveitando para lucrar com a desgraça futura que todos teremos de pagar. Restou aos últimos, os gestores, a obrigação de assegurar, de forma criativa e com o aval do Estado, formas encapotadas de continuar a manter o alegre caminho da insustentabilidade.
Muitas serão as razões apontadas e muitos os culpados. Certo é que chegámos ao fim desta linha. Não por opção ou escolha, mas pura e simplesmente porque não há, finalmente, financiamento. Ainda bem e até que enfim, diria eu, pois só assim conseguiremos mudar.
De nada serve culpar aqueles que, tendo chegado agora, se vêem obrigados a impor cortes e aplicar restrições, a alterar modelos e implementar novas formas de organização, a racionalizar e melhor gerir os recursos que já quase não existem. A emergência de encontrar uma sustentabilidade econômica e financeira que salve o que ainda for possível é a palavra de ordem que nos resta. A verdade é que os tempos em que o País ainda detinha a possibilidade de optar e escolher caminhos alternativos, já há muito passaram. Mas nem para isso, os nossos líderes e decisores olharam.
Assistimos, impávidos, e até quando serenos, às críticas daqueles, que tendo em tempos a responsabilidade de bem decidir, apontam agora o dedo às decisões de quem procura inverter a irracionalidade a que chegamos. Forjando criativamente relatórios ou através de uma retórica gasta e falida apontam soluções que nunca ousaram tomar, indicam caminhos que nunca seguiram e criticam a falta de estratégias que nunca apresentaram.
Convenhamos que já pouco nos resta, mas mesmo este pouco deverá ser utilizado para criar, com o envolvimento de todos, um sistema racional e sustentável, com regras claras e equitativas, fortemente regulado e socialmente justo.
Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis. Este é um trilho estreito e difícil, mas é o único que nos resta! 

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